domingo, 30 de agosto de 2009

Homem de Partido

Não costumo falar por aqui das minhas actividades como militante(com muita honra) do PS e da JS, mas cá vai:
Ontem lá estive na rentrée do meu Partido, ouvindo os discursos do Carlos Miguel(Presidente da Câmara de Torres Vedras), Duarte Cordeiro(Secretário Geral da JS), Carolina Patrocínio(mandatária para a juventude) e José Sócrates(secretário geral do PS e Primeiro Ministro).
As palavras de ordem foram muitas, eu falei em Socialismo.
O meu amigo Duarte disse que estavam lá representantes das Juventudes Partidárias do PAIGC(JAAC de Cabo Verde) que mereceu o meu aplauso e do MPLA(JMPLA de Angola) o que me surpreendeu e já não mereceu o meu aplauso. Sou defensor da Lusofonia, mas não desta forma. Espero que o Duarte que é Soarista, tenha referido o pedido que lhe fiz no Verão passado sobre a actuação do MPLA, entre outras coisas os comentários inaceitáveis sobre Mário Soares, João Soares e outras figuras do PS. Mas cá estou como sempre a apoiar o Socialismo Democrático. Vida de Soarista.

Parabéns ao Dr.João Soares

Que completou ontem 60 anos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Soaristas na Sic Notícias

Excelente ontem a participação do Dr. Vitor Ramalho num debate sobre o estado do país e o programa(um verdadeiro deserto de ideias) do PSD, referindo o artigo do Dr.Mário Soares e a influência Marxista que se sente novamente no mundo. De destacar também as intervenções de grande nível do Dr. João Soares e do Dr. Alfredo em recentes debates.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Reflexões sobre o último artigo publicado:

Uma das partes do artigo, excelente como é regra na exposição feita pelo Dr.Soares, tem especial incidência na entrevista dada recentemente pela Manuela Ferreira Leite, que para além da nova cor de cabelo, na maquilhagem e no sorriso(algo irónico e que pode se mesmo considerar "falso") fabricado pela sua equipa de markething, não tem uma ideia para apresentar ao país. Realmente nisso( em tudo o resto) faz lembrar o seu ídolo Cavaco.

Novo artigo do Dr.Mário Soares

A entrevista da dra. Manuela Ferreira Leite à RTP1 foi de uma banalidade que, algumas vezes, roçou o patético.
1. Na última semana a comunicação social, na sua quase totalidade, tem alimentado uma intriga sobre um hipotético conflito institucional, divulgado por gente anónima, que não dá a cara, em contradição com o que se celebrava, há um ano ou mais: a cooperação geoestratégica institucional.
Uma boa dezena de jornalistas, da imprensa escrita e falada, tentou contactar-me, várias vezes, percebi bem a intenção, para colher de mim uma frase ou duas - não seria preciso mais - para alimentar o pseudoconflito institucional. Claro que o bom-senso - e alguma experiência que conservo de um passado, cada vez mais longínquo - aconselhou-me a estar calado, a não lançar achas numa fogueira, cujo objectivo ignoro, sobretudo, no momento de crise grave que o País atravessa, tanto mais que não é elegante dirigir críticas aos seus sucessores, além do dever de reserva que a qualidade de membro do Conselho de Estado me impõe.
Na realidade, em lugar de alimentar tensões entre as instituições, os políticos e os partidos, o momento pré-eleitoral aconselha, os responsáveis, a abrir as portas possíveis e a estabelecer pontes para que um diálogo entre os políticos possa tornar-se fluente, com vista à consolidação possível da democracia e, sobretudo, não contribuindo para o desespero e a desconfiança dos cidadãos. Especialmente, sabendo-se, como já aqui escrevi, que a maioria sociológica da opinião, no nosso país, é de esquerda e, se não se une para a governação, facilmente se poderá unir na oposição... Ora, estimular a descrença e o desespero, em tempo de crise, suscita revoltas porventura incontroláveis e outras formas perigosas de violência. Em especial contra os partidos e personalidades reputados de direita.
Basta que os partidos não se entendam, nesta fase pré-eleitoral em que os resultados não são nada fáceis de prever - e em que a generalidade das pessoas está descontente e insegura quanto ao seu futuro próximo - para que seja insensato e mesmo perigoso aprofundá-los agora, entre os responsáveis que gerem parcelas diferentes do poder: o moderador e o executivo, para já não falar do judicial, que está a ser roído, cada vez mais, pelo descrédito, dada a lentidão e a ineficácia comprovada da sua acção.
Atenção, pois, ao que aí vem. Admitam o pior, no pós-eleições legislativas e nas que se seguem. Não se deixem influenciar pela comunicação social nem pelas intrigas de "clientelas" anónimas. A estatura dos políticos avalia-se pela ponderação, a coragem, a lucidez e a determinação quanto à forma como encaram as dificuldades do presente - e o modo como as ultrapassam - bem como a visão que demonstram quanto ao futuro que preparam para a colectividade...
2. A entrevista que a dra. Manuela Ferreira Leite concedeu à RTP1, que vi e ouvi com a maior atenção, constituiu, para mim, uma profunda decepção. Não esperava muito, confesso, dadas as intervenções que tem feito, desde que é líder do PSD. Mas foi pior do que supunha. De uma banalidade que, algumas vezes, roçou o patético.
Só falou dela própria. É uma pessoa séria, decidida, que tem o culto da verdade, que só faz o que deve e não abre concessões para ninguém, sejam amigos ou não. Já o sabíamos. Mas tudo isto é o pressuposto para qualquer político, que tenha princípios éticos e não seja um oportunista. Não precisava, portanto, de o dizer, muito menos tê-lo dito à saciedade. Seria mais subtil - e ficar-lhe-ia com certeza melhor - se mandasse dizer a outrem todos os auto-elogios com que entendeu dever mimosear-se...
Mas isso é uma questão de forma, mais ou menos elegante. O pior foi o conteúdo. Quanto à definição das políticas que entende dever promover, não se dignou dizer-nos nada de concreto. Um deserto de ideias. Como irão então decidir-se os eleitores nas escolhas a fazer? Não deu qualquer elemento novo. Limitou-se a apresentar a sua personalidade de moralista, como paladina da verdade e pura como uma vestal, em contraste com a do seu principal adversário, José Sócrates, a quem não se impediu de chamar "mentiroso" (sic), um termo pouco próprio num debate democrático entre adversários políticos. Com um olhar de mazinha ao canto do olho, que me surpreendeu...
Sendo economista de profissão e antiga ministra das Finanças, funções em que, aliás, não se destacou especialmente, esperar-se- -ia que Manuela Ferreira Leite revelasse algumas ideias novas para vencer a crise, que é, afinal, o que os portugueses querem acima de tudo saber. Mas não. Atirou a questão para um programa que há-de vir, para depois de Agosto, porque agora os portugueses não têm disposição para essas leituras. Manuela Ferreira Leite fala por si. Mas, que diabo, se não quer falar das questões de que é especialista, por as julgar enfadonhas em Agosto, será que trazia na manga do impecável vestido bege, que lhe ficava tão bem, alguns apontamentos sobre cultura, educação, ciência, ambiente, Europa, justiça, administração, Segurança Social, luta contra a criminalidade, defesa, luta contra o terrorismo, imigração, política no sentido mais estrito, relações partidárias, reforço da democracia? Nada! Realmente, não disse nada de jeito, sobre nenhum dos temas da actualidade que refiro. Então, perguntar-se-á: para que concedeu esta entrevista à RTP1, agora, em meados de Agosto, se não tinha ou não queria dizer nada? Apenas para se mostrar no seu encantador new look? Nesse aspecto, aceito que, dentro do possível, não tenha estado mal. Mas o pior é que não disse, aos seus compatriotas, nada do que eles esperavam e desejavam ouvir... Nesse aspecto, a entrevista foi uma verdadeira ocasião perdida!
3. Na quinta-feira passada escrevi na Visão um artigo a que chamei: "Marx saiu do purgatório?".O meu objectivo era chamar a atenção dos portugueses para que pensassem, no plano teórico, na importância de perceber, politicamente, a crise global do capitalismo financeiro e especulativo que estamos a viver. Curiosamente, o último Nouvel Observateur, de 20 a 26 de Agosto, intitulava a primeira página desse seu número: "O grande regresso de Marx para compreender o capitalismo de hoje."
Na verdade, "as derivas do capitalismo financeiro do século XXI" vieram dar um reganho de actualidade ao grande teórico do "Capital", cujas intuições geniais assumiram, com a actual crise, uma força inesperada.
Os economistas clássicos, formados pelo neoliberalismo, recusam-se a compreender isso. É um erro. Como muitos dos socialistas neoliberais formados na "terceira via", uma verdadeira fraude intelectual. Mas há cientistas políticos que não podem ser acusados de marxistas - como Alain Minc, por exemplo -, que dizem que o "único teórico que pensou, ao mesmo tempo, a economia e a sociedade foi justamente Karl Marx". Daí a sua actualidade.
É tempo, realmente, para que os portugueses pensem que a economia é uma ciência social, que depende da política, e que, sem uma sociedade mais justa - atenta às pessoas e não apenas às oscilações do mercado - não é possível ter uma economia sã, capaz de travar a crise actual do capitalismo financeiro.
Eis um bom tema para um debate entre socialistas e não socialistas, nos partidos e fora deles, em tempo de eleições. Talvez volte ao tema nos meus próximos artigos.
4. O desmoronamento de uma arriba na praia Maria Luísa, em Albufeira, foi um desastre intolerável que fez cinco vítimas mortais, veraneantes demasiado confiantes na praia onde se encontravam. Quem foram os responsáveis? As vítimas, o destino, as autoridades marítimas, os autarcas que não se aperceberam do perigo que as pessoas incautas corriam e correm? As culpas, repartidas, esfumaram-se sem responsabilizar ninguém, até ao próximo desastre...
O triste caso impressionou-me imenso. Até porque sou utente diário de uma praia onde há várias arribas nas mesmas condições. Trata-se da praia do Alemão, assim chamada, entre João d'Arens e a praia do Vau, por onde passam todos os dias milhares de pessoas em Agosto. Os acessos são péssimos. Mas boa parte da costa algarvia incorre no mesmo risco. Todos os anos se fala e nada se faz. Acrescente-se a pressão imobiliária de enormes prédios que deixaram construir muito próximo, ou mesmo em cima, de arribas idênticas. Enfim, é preciso - urgente - olhar com olhos de ver para as nossas zonas costeiras e ter planos, de realização imediata, para as consolidar. Se não quisermos matar a galinha dos ovos de ouro do turismo algarvio...
http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1344047&seccao=M%E1rio%20Soares&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Novo artigo do Mestre Dr.Mário Soares

Marx saiu do purgatório?
A crise em que nos encontramos representou o toque de finados do neoliberalismo e parece ter retirado do purgatório Karl Marx

No Verão é habitual as editoras publicarem muitos livros esquecidos, biografias, literatura de viagens e as grandes revistas lançarem hors-série, com sentido retrospectivo mas de grande actualidade.
É o caso da revista francesa Le Point que publicou um número dedicado a Karl Marx, sobre o que verdadeiramente escreveu, como o seu pensamento foi manipulado, bem como a sua história e herança. É um caderno com cento e vinte e tal páginas, escrito por autores entre os maiores economistas, politólogos, sociólogos e historiadores, polémico, de vários ângulos político-ideológicos, facilmente compreensível - o que nem sempre foi o caso de Marx, quer como economista quer como filósofo, neo-hegeliano - com extremo rigor e clareza, que recomendo vivamente aos meus leitores.
Como é sabido, fui comunista na minha juventude, entre 1942-1949 e durante esses anos - e mesmo depois deles - considerei-me marxista. Mas nunca consegui ler o Capital, de que, aliás, tenho duas edições, uma em português do Brasil e outra em francês, nem outros livros e ensaios mais filosóficos ou de teoria económica. Fiquei-me pelo Manifesto Comunista, escrito em colaboração com Engels, por livros de história, como o 18 de Brumário de Luís Bonaparte e, obviamente, pela cartilha marxista, que surgiu, em Portugal, no final da Segunda Grande Guerra, quando era moda falar do marxismo-leninismo, de Marx, Engels, Lenine e Estaline e muito mais tarde de Mao-Tsé-tung, que nunca me convenceu... Aliás, diga-se de passagem, os escritos de Estaline, então considerado o pai dos pobres, eram os mais lineares e claros.
Marx, todos o sabemos, exerceu uma influência profunda no movimento operário e revolucionário do séc. XIX e XX, apesar de ter morrido em Março de 1883. Porque foi a referência fundamental de Lenine, embora longe de Marx pelo culto da violência e a exterminação dos inimigos, e de figuras mais humanistas, como: Karl Kautsky, Eduard Bernstein, Plekhanov, Trotsky e Antonio Gramsci. Para não falar de Mao-Tsé-tung, Ho-Chi-Minh e tantos outros.
Curiosamente, há 20 anos, com o fim do muro de Berlim, da Cortina de Ferro, e o colapso do colossal embuste, que foi a União Soviética, Karl Marx parece ter caído no purgatório, senão mesmo no inferno. Com o aparecimento em força do neoliberalismo, a teoria do fim das ideologias, de menos Estado e os valores humanistas substituídos pelo dinheiro e a hegemonia dos mercados.
A crise de 2008-2009, em que nos encontramos, representou, contudo, o toque de finados do neoliberalismo e parece ter retirado do purgatório Karl Marx, ele que não acreditava em Deus e que, na linha do filósofo e historiador alemão Feuerbach, acreditava que Deus era uma criação humana.
A verdade, porém, é que Marx parece estar - com a actual crise - a sair do purgatório. Vejam-se as biografias que se têm publicado de Marx, como a de Jacques Attali Karl Marx ou l'Esprit du Monde, como as universidades americanas e europeias voltaram ao seu estudo. E agora o caderno hors-série que tenho estado a comentar.
Porquê? Porque se o capitalismo não acabou - apenas o capitalismo financeiro-especulativo, sem valores éticos -, o socialismo democrático também não: um "socialismo de rosto humano", como se pretendia antes da queda do Muro, com valores democráticos, humanistas e éticos, que Marx na sua obra nunca renegou, apesar de ter preconizado a "ditadura do proletariado" e a luta de classes, num sentido diferente ao que lhe deram depois...
Vau, 20 de Agosto de 2009
http://aeiou.visao.pt/marx-saiu-do-purgatorio=f526421

Mais um excelente texto do Dr.Mário Soares, é verdadeira extraordinária a capacidade de acompanhar o mundo deste grande, grandioso Político.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009